domingo, 18 de setembro de 2011

ENGANO
Após a sessão de iniciação do irmão Manoel, o ágape estava tão festivo que durou até bem tarde da noite. Por isso, Neco, assim apelidado por sua esposa, quando chegou em casa o relógio marcava duas horas da madrugada.

Numa espécie de código, quando Neco queria dormir até mais tarde, deixava um bilhete para a sua querida Solange.

E foi o que fez antes de ir se deitar.

Colocou-o no criado-mudo, junto com o embrulho que deviria conter um par de luvas, que o Venerável Mestre lhe entregara, com a recomendação de que deveria oferecer àquela que mais estima.

Aconteceu, entretanto, que o irmão Arquiteto, encarregado de adquirir todos os itens para a sessão, foi às pressas para o bazar de armarinhos, e a moça encarregada do pacote confundiu-se, e entregou um embrulho contendo uma calcinha, ao invés de um par de luvas.

O pacote estava tão bonitinho que ninguém ousou abri-lo.

E assim estava escrito o bilhete do Neco:

"Querida Solange: Passei por um cerimonial maravilhoso. Todos os irmãos são muito legais. Até pediram que lhe entregasse este presente. Eles sabem que você, assim como a maioria das mulheres, não tem mais o costume de usar, mas é um hábito antigo de assim presentear. Se não for do seu tamanho, não liga não. Será ainda melhor: os dedos ficarão mais à vontade. Beijos do seu Neco".

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