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terça-feira, 13 de setembro de 2011

Curso de Oratória para Maçons: Capítulo X – Provocação, polêmica e…


Nem sempre a intenção do orador é suscitar aplausos na plateia: há também aqueles casos em que ele comparece perante determinada assembleia disposto a provocar, polemizar, “dizer certas verdades necessárias”, enfim, a apresentar um discurso propositadamente hostíl, ciente de que suas palavras inicialmente serão rejeitadas, podendo inclusive provocar vaias e não aplausos; trata-se, nesses casos, de uma intenção deliberada de alerta ou crítica, na qual o orador prevê que, apesar da rejeição momentânea e possível, ao final virão os aplausos, quando a verdade calar fundo na consciência daqueles que a ouvem, eliminando preconceitos e provocando mudanças na opinião geral. Como exemplo, citamos a célebre “Mensagem a Garcia”, carta-discurso de E. Hubard que, ao ser proferida perante uma assembleia trabalhista de empregados nas indústrias norte-americanas, em 1947, recebeu iniciais e calorosos aplausos finais do público e que ainda hoje é lembrada com respeito e admiração, imortalizando o seu criador e levando-nos a profundas reflexões a respeito de tão sábias críticas:

“Quando irrompeu a guerra de guerilhas em Cuba, o que mais importava aos rebeldes era comunicar-se rapidamente com o general Garcia, que se encontrava no interior do sertão cubano, mas sem que se pudesse dizer, exatamente, onde. Foi então que alguém lembrou:
“Há um homem chamado Rowan… e se alguma pessoa é capaz de encontrar Garcia, é ele!”
Rowan foi conduzido à presença do alto comando, que lhe confiou uma carta com a incumbência de entregá-la a Garcia.
De como esse homem, Rowan, tomou a carta, colocou-a em um invólucro impermeável, amarrou-a ao peito e se embrenhou nas selvas para, depois de três semanas, surgir do do outro lado da ilha, tendo atravessado trincheiras, áreas inimigas e regiões inóspitas, são coisas que não vêm ao caso aqui narrar; o importante a ser gravado nessa história é que ele recebeu uma mensagem destinada a Garcia… não perguntou sequer onde estava Garcia…e entregou-a a Garcia.
Salve! Eis um homem cujo busto merecia ser fundido em bronze e colocado em todas as escolas do país…
Não é só da sabedoria dos livros que a juventude precisa, nem de instruções a respeito disso ou daquilo…
Precisa, sim, de lições de caráter que as façam honrar seus compromissos, darem conta de seus recados, enfim, saber levar uma mensagem a Garcia.
Rowan e o general Garcia já não são deste mundo, mas há outros que lhe são iguais… e vocês mesmos poderão tirar a prova:
Estás atarefado em teu escritório, rodeado de meia dúzia de empregados. Pois bem, chame um deles e peça-lhe que consulte o guia de empresas e faça um levantamento de fornecedores de peças de vidro. Acreditas que ele, calmamente, dirá: -“Sim, senhor”- e executarás o que pediste? Nada disso! Ele olhear-te-á, perplexo, e fará algumas das seguintes perguntas:
– Qual guia?
– Onde está esse guia?
– Fui eu contratado para fazer isso?
– Precisa disso com urgência?
– Não é melhor eu trazer o guia para o senhor mesmo procurar?
Eu aposto dez contra um que, depois de haveres respondido pacientemente a essas perguntas, teu empregado irá pedir ajuda a um companheiro e, mais tarde, voltará para te dizer que não conseguiu encontrar nada. (vaias).
O que mantém muito empregado em seu posto de trabalho e o faz trabalhar é o medo de ser despedido no fim do mês. Anuncie, se precisar de uma secretária, e nove entre dez candidatas à vaga não saberão ortografar nem pontuar, e o que é pior, pensam não ser necessário sabê-lo. (vaias).
–Vê aquele funcionário”, dizia o chefe de uma grande fábrica, “é um excelente homem, contudo, se eu lhe perguntasse por que o seu trabalho é necessário ou por que é feito dessa e não de outra maneira, ele seria incapaz de responder. Nunca deve ter pensado nisso. Faz apenas aquilo que lhe ordenam fazer, sem ter nenhuma iniciativa em melhorar, em aperfeiçoar, em racionalizar o seu trabalho. Seria possível confiar a tal homem, uma carta para entregá-la a Garcia? (vaias).
Ultimamente, temos ouvido muitas demonstrações de simpatia para com os pobres coitados que trabalham de sol a sol, para com os infelizes desempregados à procura de trabalho honesto, e tudo isso, quase sempre, entremeado de palavras duras aos que estão no poder. Nada se diz do patrão que envelhece antes do tempo, nada se diz de sua longa e paciente procura de pessoas que, na maioria das vezes, nada mais fazem do que matar o tempo logo que ele lhes volte as costas. (vaias).
Estarei pintando o quadro com cores escuras demais?… (suspense).
Talvez sim… pois embora tenha plena consciência de que nem todos os patrões são virtuosos e nobres, também sei que nem todos os empregados são leais e esforçados. Todas as minhas simpatias, portanto, pertencem ao homem que trabalha fazendo o que deve ser feito, melhorando o que pode ser melhorado, ajudando sem exigir ajuda. (aplausos).
É o homem que, ao lhe ser confiada uma carta para Garcia, recebe-a sem fazer perguntas, sem a intenção de jogá-la no primeiro bueiro que encontrar, entregando-a ao destinatário.
A civilização busca ansiosamente, insistentemente, homens assim. Precisa-se deles em cada vila, em cada lugarejo, em cada escritório, em cada oficina, em cada loja, em cada fábrica.
O grito do mundo inteiro praticamente se resume nisto:
Precisa-se, e precisa-se com urgência, de homens capazes de levar uma mensagem a Garcia.” (fortes aplausos).
Percebam como nesse discurso o orador propositadamente provocou o público, gerou inicialmente polêmica, suportou as vaias sem se abalar, convicto de que, ao final, virão os aplausos. Essa é uma técnica avançada, para profissionais. Não é recomendável adotá-la prematuramente.
Pod.’.Ir.’. Carlos Brasílio Conte – Gr.’.Secret.’.Assist.’.de Cultura e Educação Maçônicas do GOSP.
Autor do: “O Livro do Orador” – Editado pela Madras Editora.

Curso de Oratória para Maçons VII


Capítulo VIII – A utilização de um gravador.


O progresso tecnológico colocou, nas últimas décadas, uma poderosa ferramenta à disposição daqueles que pretendam desenvolver os recursos da oratória: trata-se do gravador, hoje disponível em uma infinidade de tamanhos e modelos, desde os mais simples até aqueles altamente sofisticados. Para voce, querido leitor, que ensaia os primeiros passos na nobre arte de se comunicar, um aparelho dos mais simples poderá servir; nele, voce descobrirá a sua verdadeira voz, aquela que os outros ouvem quando falas, e não aquela que escutas e que chega ao teu cérebro distorcida, por vibrar em ressonância com os ossos de teu crânio. Todos nós, ao ouvirmos nossa própria voz em um gravador, estranhamos e não a reconhecemos prontamente; muitos, nessa experiência, chegam a se perguntar:
- Mas, esse sou eu mesmo?
E muitas vezes se decepcionam com a resposta porque descobrem não ter a bela voz que imaginavam… mas não importa! Dispomos hoje de técnicas muito avançadas para melhora-la; descobrir nossos defeitos e procurar corrigí-los é o que verdadeiramente nos ensina a maçonaria, ou seja, lapidar a P:.B:. e transforma-la em P:.P:. ou, melhor ainda, em P:. C:.
Começe pelas etapas mais simples. Grave um texto discursivo qualquer, extraído de um livro ou utilize os textos sugeridos nos capítulos V, VI e VII. Analise-os detalhadamente, verificando as qualidades e defeitos de sua voz ; constate se ela é grave ou aguda, se voce fala lenta ou rapidamente, se pronuncia todas as palavras ou “engole” algumas…e assim por diante. Repita este exercício muitas vezes, até ter a perfeita consciência de tua voz, até que possas realmente reconhece-la e diferencia-la das demais.
Anote tudo que descobrir e guarde a gravação; no futuro ela te será de grande valia, quando, por comparação com gravações mais recentes, poderás apreciar os teus progressos.
Aos que desejam se aprofundar ao máximo na arte de falar em público aconselhamos, além do gravador, o uso de uma filmadora; ela dará informações adicionais a respeito da performance do orador, tais como sua postura, naturalidade, desembaraço, olhar, posição dos pés e das mãos, movimentação da cabeça, etc.
E para finalizar, uma recomendação: por mais úteis e interessantes que sejam o gravador e a filmadora, nunca abandone a “técnica do espelho”, explicada no capítulo anterior.

Capítulo IX – Como superar o medo do público.

Certa pesquisa, realizada em 1998, entre 429 alunos da Universidade de Cambridge, revelou que os dois maiores “medos” daqueles jovens universitários eram, respectivamente:
1º) O medo da violência física manifestada em assaltos, sequestros, acidentes de trânsito, etc.
2º) O medo de falar em público, descrito das seguintes maneiras:
  • Antes de levantar-me para falar, sinto-me inseguro e nervoso (87%)
  • Enquanto falo, fico sem saber onde colocar as mãos (72%)
  • É muito difícil encontrar as palavras certas, que exprimam corretamente meus pensamentos (57%)
  • Sinto as pernas trêmulas (38%)
  • Quando começo a falar, parece que vai me faltar o ar (27%)
  • Fico tão assustado que nem sequer sei o que estou dizendo (18%)
  • Não reconheço a minha própria voz, quando falo à um grupo de pessoas (12%)
Também nas lojas maçônicas esse temor se manifesta, principalmente entre os aprendizes e companheiros; alguns, contudo, acabam por perderem a inibição ao galgarem o grau de mestres e ocuparem cargos em loja, sentindo-se mais à vontade para falar e opinar; porém, mesmo estes tremem se forem convidados a substituir o Orador da Loja; e tremerão ainda mais se forem compelidos a falar perante uma assembléia de irmãos de outra loja ou, ainda pior, em presença de estranhos, numa sessão pública.
A verdade é que sentimos medo daquilo que desconhecemos e um dos passos mais importantes para perder o temor do público, portanto, é conhecê-lo. Geralmente aqueles que se iniciam nas artes oratórias ignoram as reações do público, desconhecem a psicologia das multidões e temem a possibilidade de serem vaiados, incompreendidos ou ridicularizados. Um orador experiente, contudo, antes de se apresentar, procura saber com qual tipo de público está lidando: se amigável, indiferente, crítico ou hostil.

Estudaremos, a seguir, esses quatro tipos:

  1. Amigável – Este é o público que geralmente encontramos no interior de uma loja maçônica; sendo esta uma Irmandade, o orador sente-se confiante e seguro, pois está entre Irmãos. Além disso, a própria filosofia maçônica preconiza a tolerância; tolerância não com êrros ou mentiras, mas com idéias, opiniões e pontos de vista contrários. Em meus muitos anos de maçonaria, nunca presenciei um orador ser vaiado ou ridicularizado pelos seus irmãos; neste quesito você, maçom, à quem é direcionada esta obra, está em grande vantagem quando comparado aos oradores do mundo profano. Então, tire o máximo proveito dessa situação favorável, desenvolvendo na loja as suas habilidades oratórias; afinal, a maçonaria é uma escola de liderança…e um líder deve dominar o uso da palavra.
  2. Indiferente – Este grupo também está presente nas sessões maçônicas; trata-se de irmãos que compareceram à loja sem saber que você iría proferir uma palestra ou preencher o “Tempo de Estudos”, ou de irmãos que compareceram mais com o intúito de participar de alguma votação importante na “Ordem do Dia”, ou ainda de mestres com cargo que estão presentes por “dever de ofício”e que, na última hora, descobrem que o palestrante irá abordar determinado tema; como não foram à reunião com o fim específico de ouvir uma palestra, seu nível de interesse poderá ser pequeno e, nesse caso, o orador, para estimulá-los, deverá iniciar a sua fala interagindo com eles, proferindo frases de grande impacto emocional, suscitando questões polêmicas, etc. A respeito dessas questões falaremos no capítulo xxxxxx.
    Para despertar o interesse de um público indiferente, o bom orador também poderá alterar o foco da apresentação, sem fugir da essência do tema, adequando-o, porém, às necessidades de uma platéia específica, como demonstraremos com o seguinte exemplo:
    Certa ocasião fui convidado a proferir uma palestra de minha livre escolha para um grupo de jovens que participavam de um clube de serviços. Decidi apresentar uma visão abrangente da filosofia maçônica, discorrendo a respeito da tríade liberdade, igualdade e fraternidade e anunciei a palestra com o título de “Os ideais da maçonaria”. Contudo, antes mesmo do início da palestra, conversando com os presentes, percebi que aqueles jovens, motivados pela ação social e prestação de serviços à comunidade, estariam pouco propensos a ouvir abstrações e questionamentos filosóficos; assim, desviei o foco da palestra para as obras sociais das lojas maçônicas, o trabalho desenvolvido por maçons em creches, orfanatos e asilos.
    Os ouvintes imediatamente identificaram-se com a minha exposição e passaram a demonstrar grande interesse.
  3. Crítico – Este é o público com o qual o orador tem mais dificuldades em lidar.
    Na maçonaria, muitas vezes nos deparamos com tal situação na “Ordem do Dia”, quando, por exemplo, determinado orador inscreve-se para propor algo à loja; embora todos o ouçam com atenção, caso não concordem com a proposta estarão mentalmente elaborando contra-argumentos para derruba-la. São nessas ocasiões que o bom orador deve se utilizar de determinadas técnicas de persuassão e convencimento que serão abordadas no capítulo xxxxxxx.
  4. Hostil – Não há público que seja totalmente hostil às palavras de um orador ou palestrante, a não ser que este, no decorrer de sua exposição, provoque reações de hostilidade e/ou rejeição. Para evitar a presença de pessoas hostís, recomenda-se ao orador que defina bem, no nome e na sinopse da palestra, a “linha de pensamento adotada”. Percebam, no exemplo abaixo, a importância de tal definição:
    Certa vez compareci à uma palestra cujo título foi assim anunciado: “A vida após a morte”; o público atraído ao evento era constituído, em sua grande maioria, de espíritas, que crêem na reencarnação e o palestrante abordou a questão sob o ponto de vista da ressureição.
    Resultado: conflito, polêmica, bate-boca, pessoas se retirando do recinto, etc.
    De quem a culpa? … do palestrante, é claro, que deveria anunciar sua palestra com um título mais específico, como por exemplo: ” Uma visão reencarnacionista da vida após a morte”.
Ainda com relação ao público, podemos classifica-lo por inúmeros outros critérios:
Faixa etária: crianças, adolescentes, jovens, adultos, idosos.
Sexo: homens, mulheres, misto.
Crenças: cristãos, muçulmanos, budistas, ateus, espiritualistas, etc.
Profissões: advogados, economistas, policiais, médicos, militares,etc.
Para cada um desses grupos há uma linguagem específica e um bom orador deve conhece-las todas, utilizando-se de exemplos, casos e enfoques com os quais o grupo esteja mais familiarizado.
Nas lojas maçônicas podemos identificar também vários grupos, de acordo com o tipo de sessão: grupos de aprendizes, companheiros, mestres, lowtons, sobrinhos, cunhadas, etc. e para cada um deles se faz necessário um cuidado adicional: não revelar segredos relativos à ordem maçônica e aos graus simbólicos ou filosóficos, tais como diálogos ritualísticos, sinais, toques e palavras privativas aos graus e/ou ritos.
Pod.’.Ir.’. Carlos Brasílio Conte – Gr.’.Secret.’.Assist.’.de Cultura e Educação Maçônicas do GOSP.
Autor do: “O Livro do Orador” – Editado pela Madras Editora.

Curso de Oratória para Maçons – Capítulo VI


Exercícios Para Praticar em Frente ao Espelho


Um discurso.
Célebre carta-discurso do escritor e maçom italiano Giuseppe Mazzini ao Papa Pio IX, refutando e contestando suas acusações e ataques à Maçonaria.
“Na vossa última encíclica lançastes um anátema ao mundo civilizado, à sua consciência, à vida que o alenta, como se esse mundo, essa consciência e essa vida não fossem a obra de Deus. Qual um náufrago, que sentindo a água subir ao pescoço, se despoja de tudo para buscar a salvação; assim vós, sem esperanças, arrastado pela agonia do pecado, vos despojais de toda a espiritualidade, de toda a santidade e de tudo o que torna vossa autoridade grande e eficaz. Perdido na inconsciência da razão, incapaz de vos sustentardes um dia sequer fora do recinto de vossas baionetas, não sabeis mais corrigir-vos, nem resignar-vos; e morreis… a mais horrível das mortes… maldizendo.
Negais a moral, contestando-nos o dever de trabalharmos em prol do bem-estar da humanidade, e entregando nossos Irmãos ao império da tirania, da injustica, da ignorância, dos preconceitos e dos erros.
Não abraçais senão uma causa: que deveríeis ser papa e rei, sem obrigação alguma para com a humanidade.
Hoje não reinais pela fé e sim pela força; vossos servos são corrompidos e corruptos; vós, enquanto abençoais aos aventureiros que guardam vosso santuário, não tendes uma sequer palavra de consolo para aqueles que lutam pela liberdade, igualdade e fraternidade.
Os povos porém não se dirigem a vós e sim a nós; a nós, precursores da nova era que desponta, a nós que, com a palavra e o exemplo, lhes ensinamos como devem cumprir a lei de Deus sobre a terra.
Não; vossa Igreja não reúne senão uma fração de homens que diminue cada vez mais. Vossa autoridade não mais dirige, regenera, reanima a vida. A Deus, e não a vós, os povos pedem o alento para a vida e o consolo para a morte.
Os mártires do dever se encontram entre os que vós chamais de excomungados; os que lutam pelas causas do povo se encontram entre os que vós chamais de herejes; os que pregam as santas doutrinas se encontram entre os que vós chamais de ateus; não vos resta senão mendigardes para viverdes, maldizerdes para serdes ouvido…
Ocupais um trono sobre o qual já não sois Papa…e sim vulgar tirano, sustentado pelos soldados de outros tiranos.
Como Papa, pesa sobre vós o abandono de todos os preceitos de Jesus, a sacrílega comunhão com todos os poderosos da terra, a idolatria da pompa substituída ao espírito da religião.
Como rei, pesa sobre vós o sangue de Roma e a impossibilidade de permanecerdes nela um só dia sem o amparo da força bruta.
Reconciliai-vos com Deus; com a humanidade já não podeis.”

Observação:

Se você, querido leitor, é maçom (e este livro é direcionado a maçons), treine bem a leitura do texto anterior e inscreva-se, em sua Loja, para apresenta-lo no “Tempo de Estudos”. Assim fazendo, você estará dispondo de uma ótima oportunidade para vivenciar, na prática, a leitura de um grande discurso feito por um brilhante orador. Estará, também, testando o que aprendeu até agora. Não se envergonhe de explicar isso aos seus Irmãos e de pedir que avaliem e comentem o seu desempenho. Maçonaria é isso: escola de aperfeiçoamento intelectual, de liderança e de…fraternidade.
Pod.’.Ir.’. Carlos Brasílio Conte – Gr.’.Secret.’.Assist.’.de Cultura e Educação Maçônicas do GOSP.
Autor do: “O Livro do Orador” – Editado pela Madras Editora.

Curso de Oratória para Maçons – Capítulo V


Exercícios para praticar em frente ao espelho: Uma anedota.


“Logo no primeiro dia de aula, a mãe vai buscar o garoto na escolinha de primeiro grau.
E a primeira pergunta que o garoto faz, ao ver a mãe, a deixa completamente abalada:
‘– Mamãe, o que é sexo?’
Sem saber o que responder, ela afaga a cabeça do moleque e diz:
‘– Olha, é melhor que, à noite, o teu pai te explique…’
E encerra a conversa por aí.
À noite, quando chega o pai, ela vai direto ao assunto:
“– Olha, João, hoje o Pedrinho mal saiu da escola e já veio me perguntando o que é sexo… essa escolinha…não sei não’!
O pai resolve então ter uma conversa com o garoto, de homem para homem. Manda a mulher sair da sala, a irmãzinha menor também… e começa então, com grandes rodeios, a entrar no assunto. Depois de vinte minutos de prosa, começa a perceber que o garoto está ficando impaciente e completamente desinteressado pela conversa; irritado, então, ele pergunta:
‘– Mas… me diga, por que é que voce quiz saber o que era sexo?
E o garoto, ingenuamente:
“– É que a professora mandou escrever, na capa do caderno, a idade e o sexo de cada um’”.
Sabem o que é isso?
Falta de comunicação, que acontece frequentemente… e não apenas entre crianças e adultos.

Observação 1:

Percebam que o estilo de um “caso” ou de uma anedota é simples e descontraído, o ritmo é rápido e direto e a linguagem é coloquial, sem ornamentos ou figuras de construção, como convém quando se narra algo curioso ou engraçado. Nesse tipo de narrativa, não há exigência de impostação de voz ou de gestos solenes, mas de simpatia, espontaneidade e comunicabilidade.

Observação 2:

Confronte com o texto do próximo capítulo e estude as diferenças entre ambos.
Exercícios pra praticar em frente ao espelho:
Uma poesia.

O NAVIO NEGREIRO – VI

Castro Alves
“Era um sonho dantesco…o tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho,
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros…estalar de açoite…
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar…
Negras mulheres, suspendendo às têtas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães;
Outras, moças, mas nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,

Em ânsia e mágoas vãs!
E ri-se a orquestra irônica, estridente…
E da ronda fantástica a serpente
Faz doidas espirais…
Se o velho arqueja, se no chão resvala,
Ouvem-se gritos…o chicote estala.
E voam mais e mais…
Presa nos elos de uma só cadeia,
A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enlouquece,
Outro, que de martírios embrutece,
Cantando, geme e ri!
No entanto o capitão manda a manobra,
E após fitando o céu que se desdobra
Tão puro sobre o mar,
Diz do fumo entre os densos nevoeiros:
‘Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
Fazei-os mais dançar’!
E ri-se a orquestra irônica, estridente…
E da ronda fantástica a serpente
Faz doidas espirais…
Qual num sonho dantesco as sombras voam!.
Gritos, ais, maldições, preces ressoam!
E ri-se Satanás!…”

Observação:

Diferentemente do capítulo anterior, a leitura desse texto exige dramaticidade, pompa, gestos largos, expressões solenes, ritmo de leitura mais lento e impostação de voz. Treine diante do espelho como se fosse um ator… e não um orador.
Pod.’.Ir.’. Carlos Brasílio Conte – Gr.’.Secret.’.Assist.’.de Cultura e Educação Maçônicas do GOSP.
Autor do: “O Livro do Orador” – Editado pela Madras Editora.

Curso de Oratória para Maçons – Capítulo IV – Os Primeiros Passos


Já foi dito que, para começar uma longa caminhada, é necessário dar um primeiro passo, e o primeiro passo para treinar a fala é falar diante do espelho, de preferência do espelho do banheiro de sua casa. Conte uma anedota para si mesmo em frente ao espelho, falando em voz alta, pronunciando bem cada uma de suas palavras; fale sem pressa, sem afobação, como se estivesse conversando com um grande amigo; a seguir, declame uma poesia como se estivesse em uma roda de amigos (sugerimos a anedota e a poesia inseridas no capítulo V).
Antes, é claro, tome algumas precauções básicas: avise todos os que estiverem em casa que vai treinar o seu “curso de oratória”, para que eles não o internem num hospital psiquiátrico.
A maioria das pessoas está acostumada a se mirar no espelho apenas para “observar” a sua aparência pessoal, pentear o cabelo, escovar os dentes e expremer uma espinha no rosto; os homens, além disso, o utilizam para se barbear; as mulheres, para se depilar.

A partir de agora, utilize o explêndido recurso do espelho para descobrir quem é voce. Lembre-se do que dizia Pitágoras, a mais de 2.600 anos atráz:
“Homem, conhece-te a ti mesmo…e assim conhecerás os deuses e o universo !”
O autoconhecimento principia na auto-observação. Experimente sorrir ao espelho, franzir a testa, gargalhar, suplicar, rezar. Depois, comece a prestar atenção nos seus gestos, na inclinação de sua cabeça, no seu modo de olhar.
Faça esses exercícios várias vezes ao dia, durante vários dias.
Procure, entre os seus livros, aquele texto que você tanto gosta e leia-o, em voz alta, diante do espelho; e mais que ler, esforce-se para interpretá-lo, tal como fazem os atores; afinal, bem poucas diferenças há entre o ator e o orador; o primeiro decora textos, o segundo cria-os.
Após todos esses exercícios passe para a segunda fase, que é a leitura e interpretação de um texto em frente a um espelho grande, de corpo inteiro (sugerimos a leitura dos textos apresentados mais adiante, nos capítulos V, VI e VII). Proceda assim:
Abandone o banheiro, onde treinou seus primeiros passos, e vá para o espelho de corpo inteiro de seu quarto ou de seu guarda-roupa e, lá, passe a discursar e observar atentamente a sua postura e gesticulação. Fale e ande ao mesmo tempo. Imagine que você está diante de uma grande plateia, portanto, não fixe o olhar em um único ponto… mas passeie com os olhos ao redor de seu público imaginário. Finalize o texto com emoção e agradeça às palmas recebidas. Esse exercício deve ser repetido sempre, tanto na fase de aprendizado quanto no futuro, na ocasião em que você já se considerar um bom orador. Na véspera de um discurso ou de uma palestra, até mesmo grandes e consagrados oradores o fazem.
E para finalizar, aqui está o grande segredo da desenvoltura de um orador:
Quando estiveres treinando, aja como se uma multidão te observasse…e quando te dirigires a uma multidão, aja como se estivesses treinando, a sós.
Enviado pelo Ir.’. Carlos Brasílio Conte
Autor de: “O Livro do Orador”
Editado por Madras Editora

Curso de Oratória para Maçons – Capítulo III – O Poder da Observação


Assim como ao aprendiz de uma Loja maçônica recomenda-se falar pouco e ouvir muito, aos candidatos a desenvolver a arte da oratória, recomenda-se inicialmente: falar pouco e observar muito.
Observe atentamente os membros de sua Loja que sabem se expressar com elegância e correção, identificando o que os diferencia dos demais; mas não deixe também de observar aqueles que não sabem falar, ou que falam mal; esses ensinar-lhe-ão, seguramente, o que não se deve fazer.
Observe também os apresentadores de rádio e televisão, mestres na arte de falar com desenvoltura e entreter o público; observe com que maestria eles conseguem fazer com que você ria de algum fato engraçado ou se comova até as lágrimas com uma história triste.
Assista a palestras e veja como se comportam os palestrantes, mestres na arte de desenvolver lentamente um tema, explicando gradativamente cada passo da apresentação e deixando para o final as conclusões, o gran finale; perceba como eles conseguem prender a sua atenção e “criar um suspense”em torno do que dizem.

Se dispuser de tempo, vá ao Forum e assista a um julgamento, onde promotores e advogados revesam-se em um verdadeiro “show” de oratória, retórica, persuasão…
Estude seus gestos, suas pausas, seus movimentos das mãos, sua ênfase, seuas expressões faciais, seus trajes…
Um orador na tribuna equivale a um ator no palco; todos os seus gestos, movimentos e expressões são previamente calculados, estudados e minuciosamente aplicados.
Entretanto, muitos oradores que têm o domínio completo da palavra, mas não de seus complementos, perdem parte de seu brilho por se apresentarem descuidados no trajar, ou por gesticularem demais, ou ainda por possuírem determinados “tiques” e “cacoetes”, tais como coçar o nariz ou a cabeça, mexer na orelha, piscar exageradamente, arrumar a gravata, enfiar as mãos no bolso (quando não em lugares piores), etc.
Na época de eleições, mesmo que a política lhe desagrade, tente observar os discursos dos candidatos, anotando os recursos que eles utilizam para “arrancar” palmas da plateia, “arrasar” seus adversários e convencer àqueles que o ouvem que ele, e somente ele, poderá governar com competência e probidade.
Mas então, estará a essa altura se perguntando o leitor:
– É para isso que serve a oratória?… para enganar e sofismar?…
Responderemos que a oratória é apenas um instrumento, ou uma arma, que pode ter múltiplos usos, para o bem e para o mal, para a defesa ou para o ataque, para proclamar a verdade ou encobrir o erro; da mesma forma que o dinheiro e o poder, depende ela daquele que a utiliza. Assista ao sermão de um sacerdote sincero e bem intencionado e verá o quanto ela pode ser útil e benéfica para a humanidade; leia os discursos de Hitler e verá a que abismos ela poderá conduzir os homens.
Tudo vai depender de você…
Enviado pelo Ir.’. Carlos Brasílio Conte
Autor de: “O Livro do Orador”
Editado por Madras Editora