Quando se fala em Maçonaria no mundo profano, todos
têm algum comentário a fazer: misteriosa, secreta, satânica,
beneficente, caritativa... uns aprovam, outros reprovam, uns gostam,
outros têm curiosidade e há também os indiferentes. No entanto, todos os
profanos têm como verdade incontestável que os maçons são fraternos,
ajudam-se entre si e se tratam como irmãos...
Correm lendas que
maçom pobre não existe, que maçom nunca perde causa na justiça, que
maçom nunca se aperta, pois basta fazer um "sinal secreto" e pronto! Lá
estão os "irmãos" para auxiliar o apurado...
Como seria bom se essas lendas fossem reais!
Quem
está do "lado de cá", sabe bem que isso é uma utopia, uma doce ilusão
alimentada pelo romantismo dos que idealizam as instituições e os
homens. Se analisarmos com frieza e objetividade, veremos que a
realidade é bem outra, uma realidade lamentável...
Homens que
chegam a se odiar, que tentam prejudicar uns aos outros de todas as
formas possíveis, que se esquecem dos laços de irmandade em troca de
postos, condecorações, cargos, honrarias...que muitas e muitas vezes,
sabendo que um "irmão" está passando por momentos difíceis, dão risada,
fingem não ter conhecimento sobre o fato, mentem descaradamente,
ludibriam, logram e prejudicam escancaradamente àqueles a quem deveriam
estar unidos pelos doces laços da fraternidade e do respeito mútuo.
Um
espetáculo de lamentável hipocrisia pode ser visto por ocasião daqueles
discursos pomposos, carregados de termos como "Poderoso", "Amado",
"Sereníssimo", "Soberano", "Especial", "Sapientíssimo" quando proferidos
por verdadeiras lavadeiras e comadres que passam grande parte do seu
tempo a "esfregar" a vida alheia contra as duras pedras da sarjeta, a
criticar a todos quantos não reproduzam fielmente os seus pensamentos e a
tentar "escalar" por sobre as cabeças para galgar mais um degrau de
"glória maçônica"...
Além disso, é chocante ver como se usa, sem a
menor vergonha, a retórica vazia do "irmão". É "irmão" pra cá, "irmão"
pra lá, quando, na verdade, é "maldito" pra cá e "desgraçado" pra lá. Um
quer ver o outro morto, estirado sobre um esquife (e não é o simbólico
não) e, mesmo assim, vão levando a patifaria da "irmandade sincera",
fingindo na cara-de-pau um amor regado a elogios falsos enquanto tentam
expulsar o outro da Loja, envolvê-lo em uma situação constrangedora,
apunhalá-lo pelas costas fingindo "dar apoio", forjando fatos mentirosos
e jogando a reputação do outro no lixo sem o menor pudor.
Certas
intrigas ocorridas em meios maçônicos fariam corar as mais
experimentadas fofoqueiras de bairro. Usar pessoas para se atingir um
objetivo pessoal nada nobre, é prática da qual muitos "irmãos" são
useiros e vezeiros.
Fala-se muito em "tolerância" como se isso fosse a "virtude mor" dos maçons brasileiros. Isso é uma mentira!
O
maçom brasileiro confunde tolerância com permissividade, confunde
liberdade de pensamento com confusão, falta de método e libertinagem
intelectual...Querem ver onde está a "tolerância à brasileira"? Basta
ver os ataques velados e abertos contra o agnosticismo do Rito Moderno
que os "religiosos" lançam como bomba de estilhaços, sem se importar em
desrespeitar a liberdade de consciência alheia. Taxam os modernistas de
"ateus", o Rito Moderno de "ímpio" e "irregular", jogando acusações
esdrúxulas e sem fundamento por sobre todos aqueles que "ousaram" pensar
de forma diferente...Do outro lado, os irmãos agnósticos, esquecendo-se
que a maçonaria deve ser um
"centro de união, e o meio de firmar uma amizade sincera entre pessoas que teriam ficado perpetuamente distanciadas",
passam a atacar de forma grosseira às crenças alheias, ridicularizando
tudo aquilo que é sagrado para os que crêem, desrespeitando, da mesma
forma, a liberdade de consciência dos teístas. Isso é tolerância?
Será
tolerância reagir com um ódio mortal contra quaisquer críticas que lhe
atinjam de algum modo? É tolerante mandar um Aprendiz calar a boca
quando ele levanta críticas REAIS e pertinentes? Quem ainda não viu essa
cena?
Quantas e quantas discussões ferozes, causadoras de um
ódio profundo entre "irmãos" não nasceram de uma crítica que machucou a
vaidade de alguém? Onde está o espírito de se fazer e ouvir críticas com
uma intenção construtiva? Tudo o que se fala é para achincalhar o
outro, botá-lo em situação constrangedora na frente da Loja toda,
rebaixá-lo, arrebentar com sua auto-estima. Da mesma forma, toda e
qualquer crítica, por menor que seja, é o bastante para cegar de raiva
quem a recebeu, socar a mesa, gritar com os olhos injetados de furor,
pedir o Quite Placet e amaldiçoar quem criticou "per saecula saeculorum
Amém".
O irônico disso tudo é que, quando estávamos na Câmara de Reflexão, nossos olhos leram palavras como:
"Lembra-te
que és pó e ao pó tornarás"; "Se tens receio de que descubram teus
defeitos, não estás bem entre nós"; "Se és apegado a distinções
mundanas, sai; aqui não as conhecemos"...
A
grande questão que se apresenta, mediante essas constatações é: Nós
entramos na Maçonaria, mas terá a Maçonaria entrado em nós? Quanto de
Maçom temos realmente?
Onde está o real espírito de fraternidade
maçônico? Perdeu-se na brutalidade e vulgaridade de nosso século? Está
escondido em algum templo abandonado? Perdeu-se junto com a palavra do
Mestre? Onde estaremos nós, quando um irmão necessitar?
Reflitamos seriamente no sentido real de se vestir um avental maçônico...